quarta-feira, 3 de junho de 2009

Cartas a May

Sossega teu coração menina.
Sossega porque a vida é curta e a dor ainda será muita.
Tua vida ainda começa, e a dor que sentes apenas te prova que estás viva.
Sossega teu peito, e eu te ofereço meu acalanto, menina.
Te ofereço meu ombro e minhas mangas para que sequem suas lágrimas.
A dor de amor não há de te matar, e por mais que pareça, a falta, por fim, não lhe vai esvair o ar.
Queria que o meu sorriso puxasse o teu, e juntos os dois curassem quaisquer dos males do mundo.
Mas o mundo que estamos não pára para a sua dor.
E eu sei que as vezes tudo o que nos resta e nos entregar a um torpor pra enganar a vida.
Mas sossega o teu coração, menina.
No mesmo pomar há maçãs mais doces, que eu sei, você ainda há de provar.
Sossega, por que no mundo há amores diferentes e esse, que a gente sente, nos permite continuar.
Sossega porque és minha menina, minha irmã e minha amiga, companheira dessa vida e de tudo que chegar
Explora a tua curiosidade, tua força de vontade e seu gosto por sonhar.
E conta, com meu sorriso, minha prece, que o teu coração logo esquece e logo volta a pulsar.
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"Quando a realidade nos chama, a vida mais assusta que dói.

Só assim a gente vê que não é tão forte, nem tão sábio, nem tão seguro de si.

E vê que a vida o tempo inteiro jogou com a gente, enquanto nós, do alto de nossa prepotência, queríamos jogar com a vida.

Quando a dor é conseqüência da vida, não há remédio que cure, nem tratamento que sare.

A não ser que você queira deixar a vida de lado.

Aí, a coisa toda chega no ponto da dúvida, e mais uma vez você vai ter que julgar o que te parece mais seguro: encarar pra aprender ou fugir para tentar crescer. Mas você sabe, e eu sei que aprendendo se cresce e crescendo se aprende.

Assim são feitas escolhas e, assim, se segue a vida.

E a gente continua achando demais. Tentando prever o futuro das próprias vidas... Sem nunca se lembrar que só quando chegam à flor da pele, as coisas se tornam reais" -

(Trecho do texto "À flor da Pele", escrito por mim em 2002)

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Eu daria tudo May, tudo, pra te fazer simplesmente esquecer.
Mas eu sei que a cicatriz vai sempre te fazer lembrar.
E a gente vai tá lá em alguma palhaçada pra tornar a lembrança, sorriso!

À(A)s dores do mundo

Quantas vidas em vão se vão?
How many lives will be in vain?
Quante vite sarà vano?
¿Cuántas vidas serán en vano?
Wie viele Leben sind umsonst?
Combien de vies seront en vain?

E quanto vale uma vida que vai?

Mesmo que em todas a línguas não se traduza saudade
Será que a dor é sempre igual?

Às vezes me puno por ler os jornais
E às vezes me culpo por sê-lo.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Continuo aqui

Para Maria e Mayara, que continuam aqui comigo.




Eu, não tenho medo da morte
Estou aberta pra sorte
Não me preocupo o tempo inteiro em ganhar

Eu, posso esconder meus pecados
Fazer de tudo errado
E mesmo assim não vou me recriminar

Eu, acho que a vida tá curta
E que as vezes se surta
Mas o que vale é se garantir

Eu, não to podendo nem devendo tanto
Sou de risada e também sou de pranto
E contra tudo continuo aqui

Eu, já não duvido de nada
Mas não acredito em conversa fiada
Finjo de besta só pra me distrair

Eu, nunca me sinto muito nornal
Da minha vida faço meu carnaval
E acho gosto em sempre me iludir

Eu, quando já sinto que a coisa tá preta
Coloco os medos todos numa gaveta
A solução pro nosso povo é sorrir

Pra mim, viver já é o remédio
Só me assusto com tédio
Contrariando, continuo aqui

Conversa é só sem eira nem beira
Melhor gandaia é na segunda-feira
Semana toda tento me distrair

Eu sei, todo esse samba tá me deixando louca
Cabeça cheia, coisa certa na boca
Cada palavra faz eu me permitir

Eu, agora sonho de tudo
Quero viver cada destino absurdo
Tenho chegada mas não quero sair

E se você, não entendeu o que eu digo
Não se incomode amigo
Eu cuido do meu umbigo, e continuo aqui

Eu continuo aqui...

(Gabi Dornelas)


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Ah, um samba de caixinha de fósforo. Me fez sorrir do tabalho até em casa.
Pra caixinhas de fósforo, balde vazio e tampa de panela.