quinta-feira, 30 de abril de 2009

Cartas a Marie

O almoço foi feito por mim. Aquele menu escasso, mas feito com capricho. Hoje de especial fiz um brigadeiro para sobremesa!
O cigarro depois da comida é digestivo. Malboro azul de maço, por 3 reais, nossa descoberta.
Aqui venta e o meu cabelo já se acostumou com a umidade.
A caixinha de som e o mp3 rolando. Lucas dorme, Rafa está em casa afinal de contas.
Você faz falta, não sei se iria aproveitar tanto.
Mas como sempre ririamos, e tudo terminaria em uma garrafa de rum.
Ou várias garrafas de rum.

Você já parou pra pensar no futuro hoje?
Não sei porque, mas o passado tem me atraído tanto...

Abraços saudosos!

domingo, 26 de abril de 2009

Auto-Exílio I

A viagem foi sonolenta. Logo na chegada o odor habitual de Vitória me entranha as narinas mas, hoje, não me incomoda. Vim querendo chegar, vim por mim.

Ainda estranho no porto os navios atracados, os containers e os guindastes. Minha memória litorânea é de barquinhos pequenos, em vilas de pescadores. Todos reunidos no lixar, pintar, reformar de seus barcos.

Barcos de madeiras, navios de aço, pessoas sempre incorporadas à maresia.



"Rimas de ventos e velas,

Vida que vem e que vai

A solidão que fica, e entra,

me arremessando contra o cais"¹



O objetivo é me decidir, me definir

Fazer o que na mente é veraneio, tomar ares de vida.

Aqui não é meu lugar, não fez parte do que sou.

Assim como Belo Horizonte também não.

O que acontece de diferente e mexe com tudo que se vive agora é um fato deveras preocupante: O meu lugar também não é mais meu.



"Minha terra tem palmeiras

onde canta o sabiá"²



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¹Porto Solidão - Jessé

²Canção do Exílio - Gonçalves Dias