terça-feira, 4 de agosto de 2009

Mas e porém.

Pelo começo da tarde batizei a luz. Incidente reveladora. Assim a vejo.
Revelando, a luz demonstra os tijolos que ergueram a casa. E os tijolos revelam a estrutura crua em que a vida habita.
Mas poetizar não faz teto, não cria nos tetos os lares.
Tetos são feitos de tijolo, cimento, madeira e suor.

E a vida?

Por novos anos

Hoje sorriram, como não me lembro de terem se permitido. Esta noite olharam e, sem nenhuma palavra, se chamaram “Família”. Por anos, por vidas, ressentiram, remoeram. Mas hoje, por toda uma hora, apagaram o passado, o presente, o futuro. E ah! É tão raro nestes dias ser família...

Algumas taças baratas, um espumante esquecido na geladeira. “Mas gente, eu tomei um remédio para dor!”- todos riam. Agitados. Arrumar o que beber, o que comer. O estourar da bebida fez fechar os olhos. A caçula não estava.

Exigir ali, a felicidade completa, seria exigir demais da felicidade.

Risadas, besteiras, silêncios e olhares. “Mas brindamos a quê?”. “Ah, Feliz Ano Novo! Feliz 2009”. E brindou-se.

É agosto, todos estão cientes. Mas pelo menos até o fim do sono, daquela noite dormida com o leve torpor das bolhas de champanhe estourando no nariz, todos ali só desejavam a certeza de que um novo ano se inicia a qualquer momento. Ao menos até amanhã de manhã.


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Não se iluda. Este não é um blog autobiográfico. Em caso de dúvidas, leia o prólogo, um pouco abaixo à direita. Minha vida, sua vida, a vida da tv a cores, me dão apenas temas. As dores eu invento sozinha.

E pra quem sente falta de humor, "Donas da Casa" is comming soon...