segunda-feira, 18 de maio de 2009

Cartas a Marie II

Sabe, olho às vezes para mim mesma e penso: "Quero viver de saudades". Das dolorosas, das inevitáveis.
Não entendo como as outras línguas do mundo não conhecem essa palavra se o sentimento é tão universal. Quero viver de sentir.
Cheguei a conclusão que quando acordo sentindo aquele vazio enorme no peito, eu ao menos sinto que tenho ago no peito. É horivel acordar sem sentir.
Desde que parti tenho conhecido sentimentos novos por coisas e pessoas que não imaginei sentir. Quando te ver de novo você vai me encontrar sendo mais eu.
Pode parecer besta, falar que menos de um mês tenha me mudado... Não sei, mas quando passei pelos navios e pelo mar ao ir embora, eu não me senti uma estranha.

Eu não sei perder, minha cara. Não sei perder um objeto, como não sei perder uma amizade querida. Nunca soube aguentar essa dor. Ainda não sei, mas acredito que a enfrentaria de modo bravo, com toda a dor e melancolia cabíveis.
Eu quero viver de saudades, mesmo sem saber se sobreviveria.

Mas esta carta segue, porque mesmo com toda esta disposição para encarar qualquer lugar do mundo sozinha, eu gostaria de viver de saudades com você por perto. Talvez para fazer das nossas melancolias e saudades motivos para sorrir.
Ou simplesmente porque tenho sentido muito a saudade que lhe pertence.


"Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero
Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também de despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida"¹
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Encontros e Despedidas - Maria Rita

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